quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sexto Capitulo

O ginásio era bem maior do que o da minha antiga escola, e o clube de basquete estava bem mais lotado do que imaginei. Como não conhecia ninguém ali fiquei um pouco excluída, até que um garoto moreno, muito alto, me chamou para jogar.
- E ai mina. Eu sou Dajan, você sabe jogar ?
- Ah, não muito bem. -
 Já tinha jogada algumas vezes com meus primos. Mas no geral nas aulas de ginástica eu preferia ficar sentada na arquibancada ouvindo música.
- É fácil. Venha, vamos jogar. 

O que ele chamava de fácil, eu chamava de ser massacrada... Errei nove cestas, e ainda por cima torci o pé. É,  precisava entrar para outro clube, ou acabaria com mais lesões do que jogador de futebol americano. Pedi para me retirar do clube, já que mancando não dava para fazer muita coisa, Dajan foi muito gentil e me deixou sair sem nenhum problema, na verdade eu acho que se sentiu até aliviado, visando que eu só estava fazendo sua equipe perder.
Mesmo mancando, ainda fui até o corredor principal encontrar com Nathaniel, que estava encostado nos armários provavelmente me esperando.

- Pandora. - disse abrindo um sorriso.
- Oi - fiz um esforço para sorrir, e para não reclamar de dor.
- Então como foi no clube ? 
- Um pouco dificil, não sou muito boa em esportes. 
- Ah, mas não se preocupe, logo surgiram outras vagas em outros clubes.

Isso sem dúvidas já melhorava meu humor, só de pensar em mudar de clube um sorriso bobo surgia no meu rosto.

- Você não participa de nenhum ?
- Eu participava do clube de leitura, mas acabei deixando quando me convidaram para ser representante. 

Eu ainda estava tentando entender qual era a graça de ser representante. Ser odiado pela maioria dos alunos, e ainda por cima ter de trabalhar para a escola.

- Ah, entendi.
- Mas então me diga, você está se dando bem aqui ?
- É, estou fazendo o máximo que posso ... -
preferi não comentar sobre as minhas desavenças com Ambre, já que eles eram irmãos. Mas eram muito diferentes, ele gostava de livros e ela provavelmente nem sabia ler, ele era simpático e gentil, ela era um cobra venenosa. Ficava imaginando como deveriam ser em casa, Ambre deveria passar horas no telefone falando com as amigas, e pintando as unhas de rosa, enquanto Nathaniel estudava.

- Não se preocupe, logo todos vão te conhecer melhor, e vão parar de te olhar com estranheza. A propósito, ouvi minha irmã e as amigas dela comentando de você.
- O que elas estavam falando de mim ?
- Ambre comentou que achava que você estava afim do Castiel.
- Hmm. -
Eu não estava afim dele, só o achava atraente. Mas será que ela realmente estava achando que eu poderia acabar ficando com o seu ex ? Nem eu acreditava nisso.
- É verdade ? - Droga, o que ele tinha haver com isso também ?
- Não, não estou afim dele. Alias eu acabei de conhece-lo, ou melhor ainda nem conheço.
- Ninguém conhece direito. Ele e eu já fomos grandes amigos, sabia ? - Claro que eu não sabia, fazia dois dias que estava no colégio.
- Jura ? Vocês não me parecem muito compatíveis. - Realmente se eu tivesse que adivinhar jamais teria acertado. Mas é verdade que os piores inimigos um dia já foram muito amigos, vai entender porque. Mas isso é péssimo, porque se seu melhor amigo se vira contra você, ele terá mais coisas para espalhar por ai do que qualquer outra pessoa. Acho que era por isso que eu preferia não contar nada para ninguém.

- Hoje em dia realmente não somos. Prefiro nem o ver na minha frente. -
respondeu seriamente, mas depois sorriu.
- E porque vocês brigaram ?
- Ah, é uma longa história. A maioria dos caras brigam por garotas, ou coisa parecida, mas nós não. Brigamos porque ele é um egocêntrico, narcisista, mau exemplo e mau caráter. -
e encerrou o assunto. Fiquei pensando em como Nathaniel tinha chegado a pensar algo assim do seu ex amigo. Mas preferi nem tocar nessa história novamente, já que ele não queria me contar, não iria forçar a barra. - Ah, vamos parar de falar dele. Prometi te mostrar o colégio, então venha... - e antes que pudéssemos sair seu celular tocou, e ele o atendeu prontamente.

- Alô ? Ambre o que foi ? Não dá para você ir sozinha ? Tá legal, daqui a pouco estou em casa. - desligou o celular e se virou para mim - Era minha irmã, eu vou ter que leva-la ao médico, parece que começou a chover, e ela não tem carta, me desculpe por isso, teremos que adiar nosso passeio. 
Por mais que eu não gostasse da Ambre não podia demonstrar para o irmão dela o quanto estava desejando que fosse algo grave. Tá, é muita maldade minha, mas grande coisa, eu é que não vou ficar bancando de boa moça para vocês. E embora ela tivesse arruinado meu passeio com o Nath pela escola, era até melhor pois meu pé estava me matando.

- Quer que eu te leve para casa ? 
- Não está tudo bem. Eu ainda preciso falar com a Íris.

 
- Está bem, me desculpe de novo, mas tenho que ir. - me deu um beijo na bochecha e saiu andando depressa.

Fiquei ali parada no corredor, escutando a chuva, e de repente as luzes se apagaram. Não estava realmente escuro, já que deveria ser umas duas horas da tarde, mas a sensação que me deu foi de completo breu.. E para piorar comecei a ouvir passos. Passos no escuro sempre te dão uma sensação de filme de terror, e como minha mente é muito fértil, fiquei imaginando que surgiria um cara monstruoso com uma serra elétrica e me fatiaria em pedaços. Os passos foram se aproximando, e eu nem esperei para ver quem era, sai correndo feito uma louca. E a pessoa me seguiu, mas como meu pé estava machucado acabei caindo.
O meu suposto assassino se ajoelhou ao meu lado, enquanto eu gemia de dor.

- O que deu em você ?
- Castiel ?
- Não, o Jason. -
respondeu com ironia, e depois gargalhou.
- O que você está fazendo aqui ? 
- Eu é que te pergunto, o que está fazendo aqui nesse corredor escuro correndo feito louca ? 
- Eu ia dar uma volta com o Nathaniel, mas ele teve que levar a Ambre ao médico.
- Está compactuando com aquele rato ? 
- Não, ele só ia me mostrar a escola. Ai - reclamei, a dor estava bem maior agora
- Você se machucou ? - perguntou preocupado
- Torci o pé jogando basquete, e agora acho que piorei depois que cai. 
- Consegue se levantar ?

 
- Acho que sim. - me levantei, e Castiel apoiou meu braço em seu pescoço, mas como ele era bem mais alto do que eu acabou me pegando no colo.
- Eu te levo pra casa. 
Me colocou no acento do passageiro do seu impala 67 preto, e me levou até minha casa. Acho que essa foi a única vez em que me senti feliz por machucar o pé. Castiel tinha se importado comigo, ou teria feito isso por qualquer uma mostrando que tem um lado humano ?

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