sábado, 2 de fevereiro de 2013

V.6 Décimo Primeiro Capitulo


Aquela manhã estava especialmente fria e chuvosa. Pandora precisava sair para entregar uns filmes na locadora, e seus pais não estavam em casa. Como era domingo, ela precisava correr para entregar os filmes antes do meio dia, que era quando a locadora fechava e só abria na terça-feira a tarde.
Vestiu um sobretudo escuro, pegou um guarda-chuva e foi até a locadora, que ficava um pouco longe de sua casa. No caminho a chuva começou a aumentar. Entrou em uma loja de conveniência  aproveitando o imprevisto comprou a nova edição da revista Drums, sentou-se em uma mesa ali mesmo, e começou a ler a revista, esperando a chuva passar. Pouco depois foi incomodada por um rapaz; Estava pronta para manda-lo se ferrar, quando abaixou a revista e o encarou, era lindo, não só isso, ela o conhecia.

- Veja só quem encontrei por aqui...
- Richard ? Vocalista da Roupa Suja, não é ?
- E você é a namorada do vocalista daquela banda sem nome, né ?
- Crazy Space, agora tem nome.

Richard parecia estar feliz em vê-la; Na ocasião usava um paletó listrado, calças pretas, bem justas, e uma camisa florida por baixo, os cabelos estavam arrepiados, mas não estava mais de moicano, como no dia do show, meses atrás. Outros integrantes da banda também estavam ali. Um cara alto e gordo, que ela reconheceu como sendo o guitarrista, usava nos dedos diversos anéis  e um deles chamou sua atenção, era uma guitarra vermelha. Também estava um outro cara, magricelo, com a cabeça raspada, e muitos brincos e piercings no rosto, vestia uma camiseta com um simbolo da anarquia, por cima da camisa, uma tipica jaqueta de couro.
Richard se sentou a mesa junto com ela.

- Mas, o que faz aqui ?
- Ah, nosso carro acabou a gasolina no caminho, o posto mais perto era esse, conseguimos uma carona e tals. Estávamos indo pra cidade onde vai ser o festival que sua banda vai tocar, também.
- Não é mais.. minha banda.
- Como ? - Ele parecia ter ficado surpreso, ou fingia muito bem. Os outros seguravam alguns salgadinhos e cerveja apenas observavam a conversa.
- É, fui expulsa.
- Levou um pé na bunda também ? - logo se entusiasmou.
- Não, hahahaha
- Olha, hoje deve ser nosso dia de sorte galera. Essa mina arrebenta na bateria, e tá sem banda.
- E nós estamos sem um baterista. - completou o magricelo.
- Então, o que me diz ?

                                                                              * * *
Chegou em casa no domingo pela manhã, fazia bastante frio, e suas roupas estavam completamente molhadas, teve até de tirar seu elegante sobretudo vitoriano, pois com o peso dele molhado era impossível andar. Havia passado a noite fora, bebendo com alguns amigos que conheceu em Paris. Leight não era do tipo de beber, mas desde que rompera com Luiza, não sabia fazer outra coisa.
Logo na porta foi recebido pelo olhar de desaprovação do irmão mais novo.

- Tu tá se comportando como um babaca ! Cade seu carro ?
- Na casa de um amigo, queria que eu viesse dirigindo nesse estado ?
- Não, claro que não. Poderia ter me ligado, eu iria te buscar.
- Pensei que estava ocupado demais com a Luiza. - Ele não estava falando coisa com coisa, era obvio, estava completamente alcoolizado, e naquele momento só conseguia pensar que seu irmão tinha roubado sua namorada. Lysandre se chocou com a acusação do irmão, sentiu uma imensa vontade de lhe acertar um soco, mas controlou-se.  - Ela te quer, meu irmãozinho, vá lá com ela ! Me deixe aqui !
- Cala a boca. Você não sabe o que está falando.
- Eu sei que ela te quer... vá lá, vá... - Pegou Ly pelos ombros, e o outro até achou que levaria um soco naquele momento, porém ao contrario do que esperava, Leight o abraçou e começou a chorar como criança e a pedir desculpas.
- Cara, vai ficar tudo bem. Tu tem que sair dessa, tem uma loja pra tocar, uma coleção incrivel pra produzir. Foda-se a Luiza. - aconselhou.
- Eu que deveria cuidar de você, como seu irmão mais velho. E pelo contrário, eu roubei sua namorada.
- Tenho que cuidar de você, tanto quanto você de mim. Somos uma familia, é pra isso que serve.

Desde que os pais morreram, seu irmão passara a ser sua única familia, servindo de pai, mãe e amigo. Sabia que o maior sonho de Leight era abrir uma loja em Paris, ele tinha talento e contatos suficientes para isso, mas precisava ter certeza que tudo ficaria bem com o irmão caçula. Dentro de dois meses Lysandre completaria a maior idade, dezoito anos, e poderia morar sozinho sem ter um tutor, então Li poderia seguir seu sonho.

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