- Pan, levante.. - Chamava o Sr. Pierre da porta do quarto da filha. Estava atrasado para o trabalho, trabalhava aos sábados até o meio dia. O escritório era um lugar cansativo, principalmente aos fins de semana, porém não tinha escolha, já que tinha uma filha de dezesseis anos para cuidar. As vezes queria voltar para quando era jovem e sua única preocupação era deixar seu Maverick verde, sempre limpo e brilhante.
- O que foi, pai ? - respondeu de dentro do quarto, ainda muito sonolenta, e sem a minima vontade de acordar cedo em um sábado.
- Precisa estar acordada, pois vão trazer o sofá novo que sua mãe comprou, hoje.
- E dai ?
- Você vai recebe-los, assinar os papeis, e depois pode dormir.
- Porque a mamãe não faz isso ?
- Ela vai sair, vai ao mercado. Vamos pequena, levante logo. Estou indo para o trabalho, até mais.
Sr. Pierre sempre foi muito carinhoso com a filha, havia ficado um pouco chateado por descubrir que ela estava fumando, porém não podia falar muito, pois escondia o mesmo vicio da mulher há dezoito anos.
Depois que ouviu o carro do pai sair, Pandora continuou deitada na cama, não queria encontrar com a mãe aquela hora, que provavelmente estaria mal humorada.
Algum tempo depois, Sra. Michelly bateu a porta do quarto da filha, e saiu.
Pandora se levantou, sentia-se animada, sua mãe já não estava lhe dando nenhum sermão, talvez tivesse medo que ela fugisse de casa, novamente. Colocou uma música alegre, para tocar no seu computador, e telefonou para Castiel.
* * *
O sol entrava pelos vidros do carro, nem sinal da chuva da noite, o céu estava limpo e claro. Uma música começou a tocar, Castiel acordou com a cabeça doendo e a boca seca, atendeu o celular sem nem mesmo conseguir abrir os olhos por conta da claridade.
* * *
- Oi, amor, tu tá na sua casa ? - Pandora limpava seu quarto e arrumava algumas gavetas enquanto conversava com o namorado pelo viva voz.
* * *
Castiel olhou ao seu redor; Estava em uma rua sem movimento, a sua direita um bar, onde ele deveria ter tomado todas ontem, mas não se lembrava direito. Olhou para o banco de trás e viu Lysandre dormindo profundamente. Um cheiro de whisky e cigarro começaram o sufocar. Abriu a porta do carro rapidamente e saiu. O ar fresco da manhã encheu-lhe os pulmões e ele conseguiu responder a namorada que aguardava na linha.
- To sim amor, porque ? - Mentiu. Não tinha necessidade em falar que na verdade ele não sabia onde estava, apenas sabia que estava de ressaca, dormindo no seu carro na frente de um bar.
* * *
- Ah, porque eu to com saudades, e tu poderia vir aqui me ver, já que minha mãe não tá aqui e tals.
* * *
- Claro amor, só vou tomar um banho, e vou pra sua casa. - Desligou o celular e voltou para o carro. Tentou, diversas vezes, acordar Lysandre, mas parecia que o amigo não iria acordar tão cedo. Recostou a cabeça no banco e tentou se lembrar onde estava. Depois de algum esforço, conseguiu criar em sua cabeça um mapa meio destorcido. Finalmente conseguiu se localizar e voltar para casa.
- Lysandre... Acorda, caralho. - Castiel cutucava o amigo, até que este finalmente abriu os olhos.
- Onde a gente tá ? - Sua cabeça estava explodindo, teria sido melhor ficar dormindo.
- Em casa. Vou pra casa da Pan, e ela não sabe que a gente saiu pra beber, então nem fala nada. Vou tomar banho, tu quer comer alguma coisa ?
- Não, posso ficar na sua casa ?
- Pode, mas no meu carro não. Vamos, dorme na minha cama.
Lysandre caiu na cama do amigo como uma rocha. Cast tratou de tomar banho, e ainda bebeu um remédio para dor de cabeça, e foi para a casa de sua namorada.
* * *
A campainha tocou. Pandora saiu correndo, abriu a porta e deu um longo beijo em seu namorado.
Não demorou muito para ela perceber que havia algo de estranho na aparência dele.
- Você tá meio abatido, e suas olheiras tão muito profundas, tu dormiu essa noite ?
- Dormi, claro. - respondeu nervoso.
- Hm... então ?
- To com um pouco de ânsia, acordei meio ruim, mas de boa.
- Entra, vou ver se tem algum remédio aqui.
Castiel se sentou no sofá e ficou esperando a namorada voltar com o remédio. Estava cansado e tudo que queria era dormir. Fechou os olhos e rapidamente adormeceu. Foi acordado por Pandora lhe cutucando.
- Amor ? Toma o remédio... Ei, você tá bem mesmo ?
- Ãh ? To. - bebeu o remédio que possuía um gosto terrível, quase vomitou quando o colocou na boca.
Pandora começou a desconfiar do namorado, o conhecia muito bem para saber que aquilo era uma ressaca.
- Preciso falar com o Leight.
- Falei com ele ontem. - sequer notou que havia cometido uma gafe.
- Onde tu foi ontem ? - perguntou desconfiada
-Ontem ? Ah, eu passei na casa do Lysandre, mas ele não tava lá, ai voltei pra casa.
- Hm... sei.
- Bom amor, acho que já vou para casa, não to muito legal, e vai que sua mãe aparece.
- Está bem.
- Eu passo aqui a noite.
Se despediram e Castiel foi embora mais que depressa, antes que acabasse falando que saiu para beber ontem, sabia muito bem que sua namorada não havia engolido essa história, mas que se ele fosse embora naquele momento ela acabaria esquecendo.