segunda-feira, 30 de abril de 2012

Nono Capitulo

Meus pais, como a maioria deles, eram bem convencionais.
Não gostavam de piercings, alargadores, tatuagens, música boa, ou qualquer outra coisa que não fosse aceitável no padrão de vida que eles não abriram mão em pleno século vinte e um.
Meu pai era um pouco mais flexivel que minha mãe... Não que ele gostasse, ou aceitasse essas coisas... Ele simplesmente nunca se manifestou sobre isso.
Minha mãe já era o cão. Lembro de ano passado quando eu tinha o cabelo nas costas e o cortei no pescoço e pintei de vermelho, ela surtou.

Mas em uma coisa ambos concordavam: se eu ficasse na rua até muito tarde a coisa ia esquentar.
Não que eles fossem me bater. Na verdade nunca apanhei de nenhum do dois.
Entretanto eles tinham umas formas de me castigar ainda piores, como por exemplo me proibir de sair de casa, tirar minha internet, minha bateria entre outras torturas.

Quando cheguei em casa, minha mãe e meu pai pela primeira vez na semana não estavam brigando entre
si, estavam sentados no sofá com a maior cara de sérios.
Nem tentei fugir, cheguei fazendo algazarra, pra eles notarem que cheguei, era melhor.

- Pandora, onde você esteve ? - perguntou meu pai, sempre mais manso
- Ficou louca menina ? Saiu ontem para ir para escola, e volta hoje uma hora da tarde ! - explodiu minha mãe
- Onde você estava ?
- Estava em uma festa na casa do Castiel.
- Como é ? Você estava se divertindo em uma festa enquanto a gente se mata de preocupação ? Onde está a sua responsabilidade ?
- Não tinha telefone na casa desse Castiel ?
- perguntava meu pai em meio aos gritos da minha mãe
- Tinha, mas preferi não ligar.
- Como é ?Preferiu não ligar ?
- repediu incrédula.
- É. Vocês estavam a tanto tempo brigando, é chato estragar tudo assim. 
- Olha Pandora, nos desculpe por estarmos brigando tanto, você não é obrigada a conviver com isso. Mas ficamos preocupados. Você sabe quantas coisas podem acontecer na rua ?
- A pare com isso, ela está assim porque você sempre foi muito mole ! Pandora, eu não quero ouvir um "a", está sem sua bateria até eu resolver que não está mais. E vá para o seu quarto, você não tem responsabilidade para sair de casa. Se quer agir como criança, irei te tratar como criança. 

Me joguei na cama e fiquei lembrando da festa, mas apaguei em seguida.

Segunda-feira no colégio ...
- Bom dia Pandora ! 
- Bom dia Lysandre. Onde está o Castiel ?
 
- Daqui a pouco ele chega. Dormiu na cama dele né safadinha. - e riu
- É, e obrigada por me levar até lá, o sofá era bom, mas acordaria quebrada
- Não foi eu quem te levou para cama... O próprio Castiel te levou.
 
- Pandora-chan ! - gritou a voz infantil de Ken, desde a briga com Castiel a semanas atrás, eu quase não o encontrava mais.
- Olá Ken. Esse é Lysandre.
 
- E ai cara ? Perto de Lysandre, Ken ficava ainda menor e mais patético, mas sinceramente até eu me sentia patética perto dele.
- E ia galera. - E para fechar com chave de ouro Cast chegou. - Ow Lysandre, eu vi seu irmão, e ele me pediu pra te avisar pra passar na loja dele hoje depois do colégio.- O que será que o Leight quer ?
 
- Você tem um irmão ? -indaguei
 - Tenho sim. Sabe aquela loja de roupas e acessórios que tem na rua de cima ? Então, é do meu irmão. 
- Nossa ! Nunca iria imaginar ! 
Certo que pensando bem o dono daquela loja, Leight se parecia muito com Lysandre, embora seus cabelos fossem pretos, e seus olhos meio acinzentados, acho que as roupas faziam com que eles se parecessem tanto.
Entramos para a sala, e tive aulas emocionantes...
Fiquei com a Íris a maioria das aulas, e no intervalo sentamos juntas também.
Ken parecia estar fazendo amizade com os outros nerds, por isso havia me deixado em paz.

Mas alguém que custava me deixar em paz era aquela loira irmã do Nathaniel. Estava pegando cada vez mais raiva dela. E no intervalo daquele dia ela passou dos limites.

- E ai o pula brejo !
 
- Hey Ambre, porque você não some daqui antes que eu afundo sua cara no chão ? 
- Eu já estou indo embora. Mas fale para todo mundo ouvir sobre sua paixão pelo Castiel !- Escuta aqui minha querida... Não se meta na minha vida... 
- Então não se meta com ele. Ou você acha que tem alguma chance com ele ? HAHAHA Faça-me o favor... Você é só mais uma diversão para ele queridinha.
- Olha, eu não sei do que você tá falando, nem de onde tirou tudo isso. 
- Se liga você é só mais uma vagabunda como as outras. 
E ela achou que tinha ganhado, virou as costas e quando estava pronta para rir com suas amigas, a peguei pelo ombro e soltei um soco naquela cara cheia de pó de arroz. Ela cambaleou, e depois começou a gritar dizendo que eu havia quebrado seu nariz. E suas amigas a tiraram correndo dali.
Todos do refeitório ficaram me olhando, mas dane-se, pelo menos alguém tinha estourado a cara dela.
Eu sabia que isso era o desejo da maioria das garotas ali. Mas existia uma espécie de hierarquia, e por algum outro motivo pior ainda a vaca loira estava no topo dela.

- Bonito soco. Vou pensar seriamente antes de fazer mais alguma piada com você. - brincou Castiel.

Eu sabia que essa história ia dar a maior confusão, mas já estava de castigo mesmo, apenas  acrescentariam mais alguns dias a minha pena, e pronto.

domingo, 29 de abril de 2012

Oitavo Capitulo

A casa de Castiel era bem maior do que esperava.
Parecia ser muito rico, nada extravagante como a gente vê aquelas mansões, nos filmes.
Enfim, era um casa branca, de portões de ferro.
Castiel abriu o portão da garagem com o controle. A garagem parecia confortar muito bem pelo menos três carros, mas só o dele esta ali.
Uma porta dava acesso para dentro da casa. Entramos.

Castiel me levou até seu quarto, que era grande também, e incrivelmente limpo e organizado.

- Nossa. - soltei sem querer
- O que foi ? 
- Pensei que seu quarto era uma bagunça.
- Temos uma empregada. - pegou uma toalha dentro do armário e se virou para mim - Eu vou tomar banho, fique a vontade, se sentir calor pode ... 
- Abrir a janela ? 
- Eu ia dizer tirar a roupa, mas pode ser também. - Fiquei constrangida, e ele riu, acho que era isso que queria, me constranger. - Já volto. 
Fiquei sentada numa poltrona, olhando os posters na parede. Eram das melhores bandas de rock, a grande maioria eu ouvia também.
Partilhávamos também do mesmo gosto por carros antigos, ele possuía uma incrível coleção de miniaturas de carros, organizados em uma pratilheira.
Quase meia hora depois ele volta.
Cabelos molhadas caídos nos ombros, o peito ainda todo molhado e apenas de calça preta e meia. Tive que me controlar para não acabar dando bandeira, e tentei desviar o olhar o máximo possível. Mas parecia que ele gostava de me atiçar.

- Me ajude, preciso escolher uma camiseta. -
e revirou a gaveta, depois voltou-se para mim com quatro opções.
Duas delas eram pretas, sem mangas e de bandas,  a outra era vermelha e tinha uma branca que tinha o desenho de um gato com metade do cérebro para fora.
- Aquela regata do Black Veil Brides. - apontei.
- Massa, valeu. Vai ficar legal com essa calça preta e aquele tênis. 
- Só falta um soco inglês.
- Eu perdi o meu ...
- Espera ai ... -
revirei minha bolsa e encontrei um que tinha e nunca havia usado. - Toma, para você.
- Serio ?

- Sim, eu devo ter outros quatro desses em casa.
 
- Obrigada então.
Depois que ele se vestiu ficamos conversando sobre bandas e carros, até a campainha tocar.

- Deve ser o Lysandre. - Antes que fosse atender a porta o tal Lysandre já estava atrás dele segurando uma caixa de cervejas. Era ele, o tal garoto de cabelo branco.
Só de perto pude perceber os seus lindos olhos verdes, e o sorriso gentil que se contradizia com os olhos irônicos.

- Castiel me ajude a levar isso para a cozinha.
- Onde estão o Jad e Alexy ?
- O Jad está vindo, e o Alexy me ligou pra avisar que não vai dar pra colar aqui.
- Droga, porque não ?
- Sei lá, ele disse que tem uma surpresa pra gente, mas não hoje.
- Ta né.
- Mas a gente tá aqui falando e você não vai me apresentar nunca essa gracinha ai atrás de você?
- Ah, essa é a Pandora.
- E como foi que eu nunca vi criatura tão bela ? -
Lysandre pegou minha mão e a beijou olhando para os meus olhos, era um cavalheiro, ou só estava tentando me impressionar.
- Dá um tempo Lysandre, temos que arrumar o som ainda, daqui a pouco o povo começa a chegar, não dá pra você ficar de papo. - disse puxando o amigo pelo ombro.
- Já entendi qual é a sua Castiel ... 

Como queria ser útil tratei de ajuda-los a colocar as cervejas para gelar, e até preparei o ponche, que mesmo tendo adicionado duas garrafas de vodka ainda estava delicioso.
De repente a sala se encheu de gente. Todos rindo, se divertindo, bebendo e fumando por todos os cantos. Havia bastante gente do colégio ali, e nunca imaginei que muitos dali bebiam ou fumavam.
Eu fumava socialmente, quero dizer, somente em festas, ou quando sai com os amigos. Claro que meus pais não sabiam, e claro que eu tinha consciência de que um dia ficaria viciada. Mas usava o cigarro como forma de relaxar.
Lysandre ficou junto comigo a festa toda, rimos bastante nos divertimos muito.
Poucas vezes vi Cast, mas quando ele me via acenava, ou perguntava se eu estava precisando de alguma coisa.

Fui ao banheiro e quando voltei dei de cara com Castiel e uma garota no maior beijo no sofá da sala. Um sentimento estranho começou a me embrulhar o estômago, e fui na varanda tomar um ar.

- Está tudo bem ?
 - perguntou a voz gentil de Lysandre
- Ah ... eu estou bem, só estava me sentindo meio sufocada, deve ser o cheiro de cigarro.
- Se você não fumasse, eu diria que sim. Mas será que não é algo tipo o Castiel e a Ingridy dando o maior amaço no sofá ? -
fiquei em silêncio, nem tinha o que responder. - Pandora ele esta bêbado, e Ingridy é dessas meninas vulgares que qualquer um consegue sair. Ele jamais iria se interessar por ela. 
- Está dando pra sacar tanto assim que estou afim dele ?
- Claro. Você não parou de olhar para ele um segundo. Mas acho legal a forma como você se controla, mesmo querendo estar com ele conseguiu se divertir essa noite comigo.
- Você é um cara legal ... 

- Vamos voltar lá para dentro, já conheceu o Jade ? 
- Não, quem é ? 

Jade era um garoto simpático de cabelos verdes, muito amável, mas um pouco agitado.

- Jade, essa é Pandora.
- Pandora ! Que nome bonito ! Quer uma bebida ?
- A sim obrigada.
- Tome, pegue aqui. Hey, vamos dançar ?
- Não tem ninguém dançando.  -
e não tinha mesmo, todos estavam bebendo, tinha casais se beijando, mas ninguém dançava.
- Eles não estão dançando por que ninguém começou a dançar. Vamos. 

E no meio da festa começamos a dançar, no começo estava meio envergonhada, mas depois de ver Jad arriscar os mais malucos passos, e de dar um belo gole na minha cerveja acabei de soltando.
De repente contagiamos toda a festa, e geral começou a dançar também.
Eu dançava muito mal, mas a maioria dali também não era nenhum profissional.
Quando menos percebemos estávamos dançando músicas de rock.

Já era umas quatro horas da manhã quando eu estava cansada demais para continuar pulando com Jade. Então me sentei no sofá e simplesmente apaguei.
Acordei na cama de Castiel, já deveria ser umas sete horas da manhã. Meus pais iriam me matar, não tinha avisado nada para ninguém.
Encontrei Lysandre e Cast na cozinha fumando e jogando cartas.

- Bom dia bela adormecida. - cumprimentou Lysandre, o outro apenas acenou.
- Bom dia... Vocês já acordaram ? 
- A gente ainda nem dormiu. - respondeu Cast. - Quer jogar ? Estamos jogando truco.
- Claro.
- Castiel, e a Ingridy ? Que fim que deu ? -
disse Lysandre piscando pra mim
- Ela queria dormir aqui, mas a mandei embora, não é qualquer uma que dorme na minha casa.
Me senti um pouco especial depois daquela frase, além de dormir na casa dele havia dormido na cama dele. Engraçado como a gente se sente com cada coisa boba.
Meio dia estávamos cansados demais para continuar jogando, então resolvi que era hora de voltar para casa ouvir meus pais me chamarem de irresponsável.
Ambos se ofereceram para me levar, mas estavam muito cansados, então por mais que fossem insistentes voltei para casa a pé.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Sétimo Capitulo

Nos dias seguintes fui ao colégio, mas foram dias relativamente normais.
Conversava com Nathaniel quando Castiel não estava perto, e vise e versa.

Claro, era ainda era difícil conversar com o Castiel.
Mas depois que ele me levou para casa porque torci o pé chegar até ele parecia mais fácil.
Se querem saber, até teve um dia em que ficamos duas horas conversando. Ele era muito divertido, mesmo tento um humor sarcástico, e as vezes era dicil saber quando ele estava bravo ou apenas brincando. Conversamos principalmente sobre música, ele achou fascinante quando disse que tocava bateria, "Uma menina que toca bateria ? Nossa, acho isso muito massa. Qualquer dia quero te ouvir tocar."
Descobri que ele tocava guitarra em uma banda de garagem, e que era a única coisa que levava realmente a serio, seus pais estavam sempre fora da cidade, então praticamente morava sozinho e dava festas regularmente.

Enquanto eu e o Nathaniel ?
Bem, ele se mostrava um caso raro de cavalheiro. Sempre me ajudava quando eu precisava, e conversávamos bastante a respeito da escola, e sobre livros de romance policial, que era um gosto que tínhamos em comum, embora ele odiasse doces, e eu ficava me perguntando que tipo de pessoa não se derretia ao ver um bolo de chocolate.
Um dia acabei perguntando sobre a relação dele com Ambre, e o que ele me respondeu ... eu já esperava ouvir. "Ela e eu somos muito diferentes. Ambre é difícil de conviver, mas na maior parte do tempo quando estamos em casa sequer a vejo. Ela passa a maior parte do tempo no telefone, acha que a vida é essa coisa cor de rosa. Mas um dia irá crescer."

Duas semanas depois, eu já estava mais integrada com a escola. Poucas pessoas conversavam comigo, mas ninguém mais ficava me encarando na escola.
Ambre ainda me olhava com desprezo, e eu ainda estava louca para derruba-la (sem querer é claro) no lixo.
Ainda estava no clube de basquete, mas depois que torci o pé consegui convencer a diretora a me trocar de clube, agora estava aguardando uma vaga.
Ninguém sabia que Castiel havia me levado para casa e eu achava melhor assim.
Muitas meninas ali eram apaixonadas por ele, se ficassem sabendo disso começaria uma guerra ali e a minha cabeça que ia rodar.

Na terceira semana de aula ao termino das aulas fiquei sentada no banco no pátio, estava sem vontade de voltar para casa.

- Pandora, o que faz perdida por aqui ?
- Ah, oi Castiel. Estou meio sem vontade de voltar para casa.
- Não que eu me importe, diz ai, o que está acontecendo ?

- Minha casa está um verdadeiro inferno, meus pais ficam brigando toda hora, é um saco ! 
Meus pais sempre tiveram um casamento relativamente feliz. Não era uma novela mexicana, mas era equilibrado. As vezes discutiam, mas nunca realmente brigavam, ou ficavam de cara virada um para o outro. Mas a uma semana todos os dias qualquer coisa era motivo para discussão.
Eu já tinha sacado que eles iriam se separar mais cedo ou mais tarde, e achava melhor do que viver no meio de tantas brigas.

-Entendo. Bom, mas a escola vai fechar daqui a pouco. Mas se você quiser, pode ir comigo pra casa. Eu pretendia dar uma festa hoje mesmo. 
- Não quero te aborrecer com meus problemas. 
- Você já me aborrece mesmo quando não me conta seus problemas. Vem, para de graça. 



quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sexto Capitulo

O ginásio era bem maior do que o da minha antiga escola, e o clube de basquete estava bem mais lotado do que imaginei. Como não conhecia ninguém ali fiquei um pouco excluída, até que um garoto moreno, muito alto, me chamou para jogar.
- E ai mina. Eu sou Dajan, você sabe jogar ?
- Ah, não muito bem. -
 Já tinha jogada algumas vezes com meus primos. Mas no geral nas aulas de ginástica eu preferia ficar sentada na arquibancada ouvindo música.
- É fácil. Venha, vamos jogar. 

O que ele chamava de fácil, eu chamava de ser massacrada... Errei nove cestas, e ainda por cima torci o pé. É,  precisava entrar para outro clube, ou acabaria com mais lesões do que jogador de futebol americano. Pedi para me retirar do clube, já que mancando não dava para fazer muita coisa, Dajan foi muito gentil e me deixou sair sem nenhum problema, na verdade eu acho que se sentiu até aliviado, visando que eu só estava fazendo sua equipe perder.
Mesmo mancando, ainda fui até o corredor principal encontrar com Nathaniel, que estava encostado nos armários provavelmente me esperando.

- Pandora. - disse abrindo um sorriso.
- Oi - fiz um esforço para sorrir, e para não reclamar de dor.
- Então como foi no clube ? 
- Um pouco dificil, não sou muito boa em esportes. 
- Ah, mas não se preocupe, logo surgiram outras vagas em outros clubes.

Isso sem dúvidas já melhorava meu humor, só de pensar em mudar de clube um sorriso bobo surgia no meu rosto.

- Você não participa de nenhum ?
- Eu participava do clube de leitura, mas acabei deixando quando me convidaram para ser representante. 

Eu ainda estava tentando entender qual era a graça de ser representante. Ser odiado pela maioria dos alunos, e ainda por cima ter de trabalhar para a escola.

- Ah, entendi.
- Mas então me diga, você está se dando bem aqui ?
- É, estou fazendo o máximo que posso ... -
preferi não comentar sobre as minhas desavenças com Ambre, já que eles eram irmãos. Mas eram muito diferentes, ele gostava de livros e ela provavelmente nem sabia ler, ele era simpático e gentil, ela era um cobra venenosa. Ficava imaginando como deveriam ser em casa, Ambre deveria passar horas no telefone falando com as amigas, e pintando as unhas de rosa, enquanto Nathaniel estudava.

- Não se preocupe, logo todos vão te conhecer melhor, e vão parar de te olhar com estranheza. A propósito, ouvi minha irmã e as amigas dela comentando de você.
- O que elas estavam falando de mim ?
- Ambre comentou que achava que você estava afim do Castiel.
- Hmm. -
Eu não estava afim dele, só o achava atraente. Mas será que ela realmente estava achando que eu poderia acabar ficando com o seu ex ? Nem eu acreditava nisso.
- É verdade ? - Droga, o que ele tinha haver com isso também ?
- Não, não estou afim dele. Alias eu acabei de conhece-lo, ou melhor ainda nem conheço.
- Ninguém conhece direito. Ele e eu já fomos grandes amigos, sabia ? - Claro que eu não sabia, fazia dois dias que estava no colégio.
- Jura ? Vocês não me parecem muito compatíveis. - Realmente se eu tivesse que adivinhar jamais teria acertado. Mas é verdade que os piores inimigos um dia já foram muito amigos, vai entender porque. Mas isso é péssimo, porque se seu melhor amigo se vira contra você, ele terá mais coisas para espalhar por ai do que qualquer outra pessoa. Acho que era por isso que eu preferia não contar nada para ninguém.

- Hoje em dia realmente não somos. Prefiro nem o ver na minha frente. -
respondeu seriamente, mas depois sorriu.
- E porque vocês brigaram ?
- Ah, é uma longa história. A maioria dos caras brigam por garotas, ou coisa parecida, mas nós não. Brigamos porque ele é um egocêntrico, narcisista, mau exemplo e mau caráter. -
e encerrou o assunto. Fiquei pensando em como Nathaniel tinha chegado a pensar algo assim do seu ex amigo. Mas preferi nem tocar nessa história novamente, já que ele não queria me contar, não iria forçar a barra. - Ah, vamos parar de falar dele. Prometi te mostrar o colégio, então venha... - e antes que pudéssemos sair seu celular tocou, e ele o atendeu prontamente.

- Alô ? Ambre o que foi ? Não dá para você ir sozinha ? Tá legal, daqui a pouco estou em casa. - desligou o celular e se virou para mim - Era minha irmã, eu vou ter que leva-la ao médico, parece que começou a chover, e ela não tem carta, me desculpe por isso, teremos que adiar nosso passeio. 
Por mais que eu não gostasse da Ambre não podia demonstrar para o irmão dela o quanto estava desejando que fosse algo grave. Tá, é muita maldade minha, mas grande coisa, eu é que não vou ficar bancando de boa moça para vocês. E embora ela tivesse arruinado meu passeio com o Nath pela escola, era até melhor pois meu pé estava me matando.

- Quer que eu te leve para casa ? 
- Não está tudo bem. Eu ainda preciso falar com a Íris.

 
- Está bem, me desculpe de novo, mas tenho que ir. - me deu um beijo na bochecha e saiu andando depressa.

Fiquei ali parada no corredor, escutando a chuva, e de repente as luzes se apagaram. Não estava realmente escuro, já que deveria ser umas duas horas da tarde, mas a sensação que me deu foi de completo breu.. E para piorar comecei a ouvir passos. Passos no escuro sempre te dão uma sensação de filme de terror, e como minha mente é muito fértil, fiquei imaginando que surgiria um cara monstruoso com uma serra elétrica e me fatiaria em pedaços. Os passos foram se aproximando, e eu nem esperei para ver quem era, sai correndo feito uma louca. E a pessoa me seguiu, mas como meu pé estava machucado acabei caindo.
O meu suposto assassino se ajoelhou ao meu lado, enquanto eu gemia de dor.

- O que deu em você ?
- Castiel ?
- Não, o Jason. -
respondeu com ironia, e depois gargalhou.
- O que você está fazendo aqui ? 
- Eu é que te pergunto, o que está fazendo aqui nesse corredor escuro correndo feito louca ? 
- Eu ia dar uma volta com o Nathaniel, mas ele teve que levar a Ambre ao médico.
- Está compactuando com aquele rato ? 
- Não, ele só ia me mostrar a escola. Ai - reclamei, a dor estava bem maior agora
- Você se machucou ? - perguntou preocupado
- Torci o pé jogando basquete, e agora acho que piorei depois que cai. 
- Consegue se levantar ?

 
- Acho que sim. - me levantei, e Castiel apoiou meu braço em seu pescoço, mas como ele era bem mais alto do que eu acabou me pegando no colo.
- Eu te levo pra casa. 
Me colocou no acento do passageiro do seu impala 67 preto, e me levou até minha casa. Acho que essa foi a única vez em que me senti feliz por machucar o pé. Castiel tinha se importado comigo, ou teria feito isso por qualquer uma mostrando que tem um lado humano ?

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Quinto Capitulo

Mais tarde fui chamada na sala dos representantes. Claro que fiquei apreensiva, meu segundo dia no colégio e já sou chamada para conversar com Nathaniel. Não sabia o que poderia ter feito, mas fiquei pensando que talvez pudesse ser sobre a briga entre Cast e Ken.
Bati na porta e entrei, o representante logo se levantou da poltrona e me cumprimentou gentilmente.

- Pandora, como vai ?
- Estou bem, e você ?
- Muito bem. Me desculpe ter te tirado da sala no meio da aula -
disse encabulado. Ele só podia estrar brincando né, me fizera um grande favor me tirando daquela aula pra lá de chata, matemática nunca foi minha matéria preferida. - Mas a diretora me pediu para te avisar que ainda não entregou a ela os papeis da sua inscrição no colégio. 

Tinha esquecido completamente da inscrição, pelo menos tudo estava certo dento da minha bolsa, já que não tirei os papéis de lá. Sim, sou um pouco esquecida, principalmente no que se refere a escola. Uma vez esqueci meu material no ônibus, e só me dei conta que estava sem quando me perguntaram onde ele estava. Mas também, olhem pelo meu lado, em dois dias de aula já me aconteceram mais coisas do que no ano letivo de muita gente por ai, é normal que eu me esqueça de pequenos detalhes.

- Ah, é mesmo ! Tinha esquecido. 
- Bom, se estiver tudo em ordem leve para ela o quanto mais rápido possível. Queremos acertar já sua matricula aqui. 

Voltei para sala e conferi os papéis, estavam todos lá. Pedi licença a professora e me retirei da sala para entrega-los. A aula estava quase no fim, e eu enrolaria lá fora até que terminasse. Enquanto procurava a sala da diretora acabei a encontrando em um corredor da escola próximo a biblioteca.

- Com licença, a senhora me pediu para trazer os papéis da minha matricula.
- Ah, sim. Se está tudo aqui então está tudo okay. 
- Então já vou indo... 
- Espere. Queria que participasse de um dos grupos da escola.

Atividades extra curriculares .. Eu odiava isso. Sempre me colocavam em algum clube para qual não tinha nenhuma vocação. Da ultima vez estava no clube de xadrez, acho que foram os jogos mais rápidos e fáceis da história, claro que eu perdi todos.

-Só estamos com vagas para o clube de basquete e o de jardinagem. Qual você prefere ? 
Na verdade eu era péssima nos dois.
- O de basquete. 
Entretando possuía um enorme medo de insetos, e o clube de jardinagem já sugeria encontrar constantemente joaninhas, lesmas e afins.
- Ótimo vá até o ginásio mais tarde, e encontre os integrantes do clube. Como você não sabe onde fica peça ajuda a algum aluno, ou ao Nathaniel. 
Após o termino das aulas, e a abertura dos clubes, lá fui eu tentar encontrar um bom coração naquela escola que pudesse me ajudar. Depois de muita procura acabei trombando com a Íris.

- Íris, apareceu em boa hora. Sabe onde fica o clube de basquete ?

 
- Na verdade não, mas encontre com o Castiel, ele provavelmente sabe. E eu sei que você adoraria encontrar com ele ! - maliciosa como sempre, e sempre conseguindo me deixar vermelha
- Você está em que clube ? - preferi nem dar atenção a piadinha dela.
- O de música. Alias tenho que correr, estou super atrasada. 
Um clube de música ? Isso sim era minha cara. Eu era ótima na bateria e até arriscava algumas músicas na guitarra. Mas os clubes legais são sempre os que lotam primeiro. De toda forma ainda tinha de encontrar com Castiel, o que não era difícil, já que para fugir das aulas ele passava a maior parte do tempo no pátio.

- Hey novata. 
- Castiel, pode me dizer onde fica o clube de basquete ?
- E porque eu faria isso ? -
perguntou com desprezo
- Para garantir o seu lugar no céu, quem sabe.
- Hahaha, você é engraçada Pandora. Siga este caminho reto, e vire a esquerda. Você encontraria fácil sozinha, mas provavelmente é muito preguiçosa, ou então gosta muito e ouvir a minha voz. -
irônico como sempre. Mas dessa vez tive que desviar o olhar para que ele não visse que estava corando. Fato realmente gostava de ouvir a voz dele. Antes que pensem qualquer coisa errada, não considero possível você se apaixonar por alguém que acabou de conhecer. Mas quando você acha algum garoto realmente atraente, tende a ser um pouco imbecil, e era isso que estava acontecendo comigo.

-Obrigada mesmo assim. 
- Pandora ! - achei que quem me chamava era Castiel, mas quando me virei descobri que na verdade Nathaniel me chamava, fiquei impressionada como a voz de ambos eram parecidas, se eu fechasse os olhos sequer saberia dizer quem estava falando comigo. Estava cansado, provavelmente havia corrido atrás de mim pelo colégio.
- Ora ora, então a raposa saiu da toca. - provocou Castiel
- Você sequer deveria estar aqui. Vá embora para casa se não vai participar de nenhum clube.
- E quem disse para você que não participo de nenhum grupo ? 
- Sua falta de interesse em qualquer coisa que não seja você mesmo. Alias, adorei a noticia que recebi, sobre você não ser mais meu cunhado.
 
- Eu adorei bem mais. - Cruzou os braços e se virou, mas não foi embora, permaneceu ali. Nathaniel o ignorou e se virou para mim.

- Ah, Pandora, me perdoe por isso. É que esse garoto sempre me causa os maiores problemas.
- Está tudo bem.
- Mas então, como você não conhece muito bem a escola, estive pensando que talvez fosse legal para você se a gente... sei lá... de repente, desce uma volta. -
 Isso era bom, meu segundo dia de aula e o representante, irmão da patricinha nojenta e inimigo do cara valentão, me chamando para sair. Bem, não era bem sair, mas ao menos o conheceria melhor, e conheceria a escola. Isso era realmente bom.
- Claro !  Eu só vou dar uma passada no clube primeiro, e depois a gente se encontra no corredor principal. Tudo bem ?
- Ótimo. 
Castiel esperou o "inimigo" se retirar, e se virou para mim, me olhou com desdém e deu de ombros.
É, provavelmente seria impossível conquista-lo. Sei lá, ele parecia me odiar, por mais que ainda nem me conhecesse, e que eu também não soubesse muita coisa sobre ele, parecia sequer ter algum interesse em me conhecer. De qualquer forma pelo menos eu podia contar com o Nath, que vinha se mostrando um garoto muito gentil comigo.


terça-feira, 24 de abril de 2012

Quarto Capitulo

No dia seguinte me levantei na hora certa, e consegui pegar o ônibus.
Isso também significava que teria de ficar no pátio até a professora chegar. Me sentei no banco e fiquei vendo o movimento na escola, tentando conhecer as pessoas, pelo menos de vista. Estava sem fones de ouvido, então tive que me contentar com os sons ao meu redor.
Enquanto olhava o movimento, vi a Ambre e suas duas amigas, quero dizer, amigas não, elas seguem Ambre por onde vai, mas se um dia ela precisar de ajuda pode ter certeza que ficara sozinha. Estava olhando para os meus sapatos (uma boa forma de fingir que você faz algo, mesmo que não esteja fazendo nada é ficar olhando para os sapatos) quando vi surgirem dois pés parados na minha frente, e uma voz amigavél disse:

- Olá, eu sou Íris. - Íris era uma garota de um metro e sessenta, cabelos ruivos, olhos verdes, e diferente das outras garotas que tinha conhecido naquele colégio não parecia ser mesquinha, e me parecia uma boa companhia para não ter que ficar junto com o Ken.
Ah, o Ken ? Eu não o odeio, se é isso que vocês estão pensando. Mas, desde que o conheço ele quer sair comigo, e acreditem isso não vai acontecer.
- Oi... Eu sou Pandora.
- Você é nova aqui, não é ?
- Sim.

Nesse momento Ambre e suas seguidoras passaram por nós, e ficaram me encarando. Simplesmente fechei a cara, e fiz pose de mal.
- E parece que já arrumou briga com a Ambre e suas amigas. Mas não se importe, ela é assim com todo mundo. Principalmente agora que o Castiel largou dela. 
- Eu não me importo com ela, mas não consigo entender como um cara como ele pode gostar de alguém assim.
- Na verdade ele não gosta, estava com ela para provocar o Nathaniel. Creio que seja seu maior rival aqui.

Ah, então era isso ? Castiel e Nathaniel se odiavam, e o primeiro usou a irmã do segundo para o provocar ? Nossa, que história, renderia um bom livro. Não acham ? Mas o que será que Nathaniel tinha feito para Castiel, ou vise e versa ?
Bem, talvez nada, as vezes as pessoas se odeiam por incompatibilidade, mas rinchas entre meninos são muito menos frequentes do que entre meninas. Pois veja bem, querendo ou não, as meninas vivem competindo umas com as outras; Quem tem o namorado mais bonito, as roupas mais chiques, e essas coisas todas. Amizade de homens sempre me pareceu mais verdadeira. Mas, deixa pra lá.

Íris ficou comigo até a hora que o sinal do inicio das aulas bateu. Conversamos muito, ela era muito engraçada e simpática. E alias, quando o sinal soou percebi que até então não tinha visto nem sombra de Castiel e seus amigos, nem mesmo do bobo do Ken.
Estava no corredor da escola quando avistei um movimento estranho perto do bebedouro, o garoto de cabelos vermelhos estava coagindo meu amigo.

- Hey, o que você está fazendo Castiel ?! - ele se virou para mim, estava com olhos mais vermelhos do que seu cabelo. Alias seu cabelo estava particularmente muito brilhante naquele dia. Parei de viajar, e me lembrei que ele estava quase esmurrando meu amigo. - Solte ele agora ! 
- Ui, esse aqui é seu namoradinho Pandora ? - riu.
- Ele não precisa ser meu namorado para o defender. - Foi o melhor que consegui dizer naquela hora
- Você nem mesmo sabe o que esta acontecendo ! 

Era verdade, eu não sabia mesmo. Ken ficava olhando para nós dois com os olhos cheios de lagrimas, era um covarde, não teria coragem de começar uma briga com um cara com o dobro de sua altura, e triplo de sua força. Ou teria ?

-Seu amiguinho aqui veio arrumar confusão comigo, dizendo para eu ficar longe de você.
- O QUE ?!?!? - "
tá, vou embora, Ken merecia uma surra." - pensei - "droga, se ele apanhar de um cara grande assim voltara para escola de cadeira de rodas. Tá esquece vou ajudar mesmo assim, depois ele apanha de mim, o estrago será menor." - Me desculpe por isso Castiel, mas o solte por favor.
 
- Eu não costumo obedecer ordens, mas vou solta-lo pois já estou com problemas demais nesse colégio. 
E foi embora, com aquele jeito mal que já possuía agora multiplicado pela raiva que estava.

- Pandora-Chan, me desculpe, é que morro de ciumes de você!
 
- Ken, seu cretino ! Não saia por ai arrumando confusão com qualquer cara que conversa comigo. Alias eles podem conversar comigo, pois nós não temos nada, e nem vamos ter. Pensei que já tinha entendido isso. 
Tá, eu sei que peguei pesado, depois que disse tudo isso ele ainda me olhou assustado, e percebi que estava começando a chorar. Na hora me senti um lixo. Tudo bem, eu não gostava dele, mas tinha esquecido completamente que ele tinha sentimentos. Então tentei amenizar as coisas.

-Ken, me desculpe, eu não quis dizer nada disso. Mas não fique por ai bancando o valentão, tu poderia ter se dado muito mau ...
E pareceu resolver um pouco, enxugou as lagrimas do rosto e abriu um sorriso. Vai entender, quando a gente gosta de alguém leva numa boa qualquer tipo de desaforo, mesmo que nos machuque, depois de um tempo sorrimos de novo, só para ver a pessoa feliz.
É, eu nunca tive um relacionamento muito serio, o que me proporcionou muito tempo de observações de outros relacionamentos.

 Muitas aulas chatas depois, e o nível de sono quase transbordando, o sinal do intervalo tocou. Estava me retirando da sala quando Íris me chamou para ir com ela ao refeitório, e lá fomos nós.
Novamente me sentei em uma mesa perto da de Castiel. Não, não foi de propósito, as outras estavam ocupadas... Mas sim, fiquei muito feliz por isso.
Estava olhando para ele, e instantaneamente Íris sacou tudo.

- Você está afim dele ?  - Perguntou maliciosa.
- Ã? De quem ?
- Do Cast, oras, desde que a gente chegou você não tira os olhos dele.
- Não tem muito o que dizer, que garota não ficaria afim de um cara assim ? 
- Ele é bonito... Mas não me interesso por ele. 

Naquele momento pensei que ela tinha algum problema de visão. Como alguém pode não se interessar por um cara assim ? Por outro lado respirei aliviada, é muito chato quando você e sua amiga ficam afim do mesmo cara, mesmo que não role sentimentos um pelo o outro, sempre haverá uma competição ligada a isso.
Terminei de tomar meu suco de uva enquanto ela me contava do seu namorado e de como estava triste por terem terminado. Fiquei viajando nesses pensamentos, como já deve ter dado para perceber, sou um pouco avoada, dificilmente consigo ficar muito tempo prestando atenção em uma conversa. A única coisa que lembro que ela me disse foi:

- Vamos, o sinal já tocou. 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Terceiro Capitulo

Na hora do intervalo, preferi me sentar sozinha. Vou dizer "preferi" para não ter que dizer que todas as mesas por onde passava alguém me olhava estranho, e com uma cara que dizia "Hey novata, vá procurar sua turma". É, o primeiro dia numa escola nova te abre muitas portas, para mim a que foi aberta é do inferno.
Já que ninguém ali estava me dando muita trela, me sentei sozinha em uma mesa bem afastada. Fiquei mastigando sem vontade, até que ouvi uma voz conhecida gritar pelo meu nome.

- PANDORA-CHAN ! 
Olhei para trás assustada, pois apenas uma pessoa me chamava assim, e eu estava torcendo para não ser ...
- Ken ?! O que faz por aqui ?
Ken era um garoto da minha antiga escola, baixinho, com o cabelo repartido, e óculos fundo de garrafa, vivia me perseguindo, se dizia apaixonado por mim. Pensei que tinha me livrado dele quando mudei de colégio. Mas por outro lado eu estava com dificuldade para me adaptar, e ele sempre me fazia rir, não porque era comediante, mas porque era um completo idiota.
- Assim que soube da sua transferência pedi para que me mudassem também!
- Porque ?
 
- Porque tinha certeza que você teria dificuldades para se adaptar aqui. E pelo que posso ver tinha razão.
- HAHAHA-
ri irônica
- Posso me sentar com você ? - Antes que eu pudesse responder ele já estava sentado.

Na metade do intervalo enquanto o Ken comentava qualquer coisa sobre o ultimo episódio de Guerras Espaciais, duas vozes invadiram o refeitório. Todos pararam para ouvir. Entenda, não é que gostamos de fofocas, mas dificilmente você escuta uma confusão e não se interessa em saber o que está acontecendo.

- Você nunca vai mudar Ambre, eu estou cansado de você ! - disse uma voz masculina furiosa. E nessa hora tive certeza de que era o garoto de cabelos vermelhos
- Espere Castiel. Eu te amo.
- É mesmo ? -
perguntou irônico - Dane-se, eu não te amo Ambre. Eu achei que conseguiria te suportar, mas simplesmente não dá. 

E as portas do refeitório se abriram, e nelas surgiriam o garoto de cabelos vermelhos, mas a Ambre não o seguiu.
Castiel se sentou em uma mesa perto da minha com dois rapazes um de cabelo branco e o outro de cabelos verdes. Não sei porque mas Castiel se destacava no meio de todos os garotos do colégio. Quer dizer, ele não era o único cara bonito, mas era diferente dos demais. Fiquei viajando nisso, até levar um cutucão do Ken.

- Hey ! - exclamei acordando do transe.
- Você estava com a maior cara de boba, olhando pra outra mesa. Nem estava prestando atenção no que eu estava dizendo.
- Ah, me desculpe Ken. -
me desculpei sem tirar os olhos da outra mesa. Quando reparei que o refeitório estava esvaziando me levantei correndo e exclamei - Droga Ken, temos que voltar para a sala de aula. Corre ou vamos nos atrasar. 
- Era isso que estava te dizendo !

Chegamos a aula, e todos já estavam na classe, a professora muito gentil perdoou nosso atraso, apenas pediu para prestarmos mais atenção. Olhei a classe toda por alguns segundos, e nem sinal daqueles garotos, nem do Castiel. Me sentei na ultima carteira, perto da janela, e fiquei fingindo que entendia o que a professora explicava.
De repente a porta se abriu, e a voz de Nathaniel ecoou pela sala.

- Professora vim trazer esse garoto que estava fora da sua sala. - 
A professora olhou para ele com uma expressão de descontentamento
-De novo Castiel ? Bom, sente-se logo.
 
Ele estava na mesma sala que eu ? Na mesma sala na aula de inglês ? Isso significa que iriamos passar muito tempo juntos.
- Não posso me sentar, pois a novata esta no meu lugar. - resmungou apontando para mim.
- Ah, me desculpe, eu posso sair... - respondi rapidamente, não queria que ele me odiasse.
- Relaxa, fica ai. Eu vou sentar nessa carteira aqui. - A carteira era ao lado da minha ! Já estava difícil me concentrar naquela aula chata, e com ele ao meu lado ia ficar pior ainda.
Alguns minutos depois, finalmente interagimos um com o outro:
- Hey, novata, tem uma caneta para me emprestar ?
- Hm, claro. 

O que vocês estavam esperando que um cara tão bonito, que acabei de conhecer, me chamasse pra sair assim do nada ? Não é bem assim que as coisas funcionam na vida real. Na verdade eu tinha mais chances de ser atropelada na porta de casa, do que ser chamada para sair por ele.
Mas não custa sonhar né ?
Logo o sinal do termino das aulas bateu, e me senti aliviada, pois nada mais poderia dar errado. Levantei, e guardei meu material no armário.

- Novata.
 
- Meu nome é Pandora. - respondi sem nem olhar para trás, estava cansada de me chamarem de "novata", custava me chamar pelo meu nome ?
- hahaha. Acho que já me conhece, sou Castiel. "droga" - pensei - "será que tinha sido muito rude com ele ? Mas afinal caras durões, não se magoam com qualquer coisa. "
- Ah, o namorado da Ambre. - fingi não dar importância pra ele.
-Não repita uma coisa dessas, não sou namorado dela.  - ele ficou furioso por alguns segundos, e depois voltou ao seu mau humor comum. - Mas enfim, isso não é da sua conta. Apenas vim devolver sua caneta.
 
- Obrigada. - peguei a caneta e guardei no bolso
 - Então, eu já vou indo.
 
- Espere. Você curte rock não ?
 
- Sim, porque ?
 
- Eu também curto, é legal encontrar uma garota que não seja fã de alguma cantora pop.
E terminou a conversa.  
Voltei para casa um pouco mais feliz depois daquela conversa. Tinha acabado de conhece-lo, mas tinha absoluta certeza de que por traz daquela pose de mal existia um sujeito muito amável.


domingo, 22 de abril de 2012

Segundo Capitulo

Estava um pouco ansiosa, para falar a verdade sequer consegui dormir direito, fiquei pensando no que o meu novo colégio poderia me proporcionar... Se é que vocês me entendem.
Acordei algumas vezes durante a noite, bebi aguá, fiz alguns lanches noturnos etc.
Realmente estava muito eufórica. Não digo que seja pela escola em si, mas ouvi boatos de que o colégio Sweet Amoris está cheio de surpresas.  As seis horas, quando precisei me levantar para ir ao colégio, adivinhem vocês... Estava morrendo de sono!
Demorei um pouco para escolher uma roupa,(sabe como é, a primeira impressão é a que fica.) e quando olhei no relógio estava super atrasada. Irônico não é ? Passei a noite toda acordada e ainda por cima me atraso na hora de finalmente ir para o colégio.
Peguei meu material, e algumas folhas para a inscrição na escola, e sai correndo para pegar o ônibus. Quando virei a esquina do ponto vi que ele estava  vazio.
Ótimo, estava atrasada, e agora teria de ir até o colégio a pé. Era só o que me faltava.

Cheguei ao colégio cinco minutos atrasada, pois sai correndo em disparada. Sorte que aquela manhã estava muito fria, então não fiquei suada, nem cheirando mal.
Simplesmente achei que nada poderia piorar. Mas no corredor principal acabei esbarrando três garotas, daquele estilo patricinha que TODO colégio tem.
Pois é... Uma era loira, e provavelmente a líder das outras duas, me pergunto porque é sempre a loira que é a líder, será que é algum tipo de clichê da vida ?
Mas enfim, a suposta líder me olhou dos pés a cabeça, e é claro que eu fui educada como deveria ser com alguém que acabara de conhecer:

- Tá olhando o que em ?
- Nossa, ela é um bicho do mato meninas. HAHAHA
. - e todas riram. Eu fiquei tentando dizer alguma coisa que não me fizesse enfia-la dentro de um armário. Mas antes que eu respondesse a altura uma voz disse
- Ambre, deixe a garota em paz. - E por trás daquele ser cor-de-rosa com cheiro enjoativo e voz estridente, surgiu um rapaz alto, de cabelos vermelhos como fogo, os olhos desconfiados, e sérios, mas nos lábios um sorriso irônico. Era um bad boy perfeito, do estilo que sempre sonhei, era como nos filmes, não, não era melhor, ele era real.
- Ah amor, eu não fiz nada. - disse ela o abraçando.
"AMOR ? " - pensei, mas reparei que havia pensado muito alto pois todos me olharam com cara de espanto. E a tal da Ambre respondeu
- Sim, amor, ele é meu namorado novata. 
Tá legal, ele era perfeito, e namorava aquela barbie. Qual o problema dos bad boys ? No geral eles deveriam gostar de meninas más, mas o que a gente vê por ai é que todo cara mal gosta de uma patricinha chata e irritante.

Achei melhor não dizer mais nada, apenas deixei os quatro ali e fui procurar minha sala, mas antes que eu fizesse isso ouvi uma voz me chamando.
- Senhorita Pandora ? 
- Sim ? 
- Eu sou a diretora do Sweet Amoris e gostaria de saber se trouxe todos os papéis para realizar sua inscrição. 
- Huum... - comecei a revirar a bolsa até encontra-los e entregar a diretora. - Aqui estão. 
Ela ficou conferindo os papéis por alguns segundos, depois me olhou e disse 
-Esta faltando a ficha de inscrição e uma foto. Vá até a sala dos representantes e fale com Nathaniel. 

E lá fui eu, o colégio era bem maior do que o meu antigo, cheio de escadas, e placas indicativas, confesso que fora um pouco complicado achar a sala dos representantes, que ficava lá em cima, depois de três lances de escadas. 
Bati na porta, e entrei. 

- Estou procurando pelo representante Nathaniel.
- Ah, olá, sou eu mesmo.
- Ele era bem diferente do que havia esperado, estava esperando por um nerd magrelo, de óculos fundos de garrafa, mas o que vi foi um rapaz loiro, alto, de olhos alegres, e um sorriso largo nos lábios. Era muito bonito, tão bonito que até esqueci o que estava fazendo ali. Nathaniel se levantou da poltrona em que estava e veio andando em minha direção com aquele mesmo sorriso.
 - Então, no que posso ajudar ?
 
-Eu sou Pandora, e a diretora me pediu para vir conversar com você sobre a minha ficha de inscrição.
- Ah, a novata. -
disse ele, parecendo se lembrar de quem eu era. - Bem, a sua ficha está aqui, a foto você pode tirar na loja que fica aqui do lado do colégio, depois é só levar para a diretora.
 
- Ah, obrigada. 
- A propósito, seja bem vinda ao Sweet Amoris, espero que goste daqui. 

  Senti meu rosto corar, pelo menos alguém naquela instituição era simpático. 

sábado, 21 de abril de 2012

Primeiro Capitulo

Meu nome é Pandora. Tenho 16 anos, e estou enfrentando o que meus pais chamam de "a pior fase da vida". Eu discordo deles. Tudo bem que é um pouco confuso, até ontem a gente ia para escola para colorir, e hoje aprendemos equação. Alias, até hoje não sei resolver uma equação direito. Mas enfim. Não acredito que seja a pior fase porque é com essa idade que passamos pelos nossos primeiros amores, as festas, e tudo mais, sem nenhuma responsabilidade muito grande. A não ser a escola ...
Por falar nisso, mudei de escola recentemente, fui meio forçada a fazer isso, pois  a diretora vivia me chamando de mal exemplo, pelo meu estilo que como ela gostava de dizer "extravagante".
Não vejo nada de errado nas minhas roupas, mas provavelmente ela também não vê nada de errado naqueles vestidos horríveis que ela usa.
É tudo questão de opinião. Mas voltando ao assunto, fui obrigada a mudar de escola, o que pra mim foi ótimo, simplesmente odiava a outra, mas por outro lado chegar em um lugar novo sozinha é um pouco assustador.

Com 16 anos ainda não tive um relacionamento que durasse mais do que três meses. Alguns não duravam nem uma semana. Então nenhum dos meus namoros podem ser chamados de "sérios".
Nunca tive esses sonhos que a maioria das garotas tem, nunca deixei de acreditar no amor, mas nunca o encarei como um conto de fadas. Afinal grandes amores, só são grandes se forem dificilíssimos e complicados.Veja o exemplo de Romeu e Julieta, eles se amavam, mas não puderam ficar juntos, e olhem só, quando se fala de amor é a primeira história que vem a nossas cabeças.
Assim como o Sid e a Nancy, que por mais que se amassem acabaram com finais trágicos, e mesmo assim são colocados como exemplo de amor punk.
Mas eu ainda acredito que possa encontrar alguém para ter ao meu lado...

E uma nova escola ... bem, isso ajudaria muito. Hihihi.