Meu humor estava péssimo.
Nunca gostei de brigar com meus pais, é como se brigasse com uma parte de mim. Sempre soube que nunca tinha sido um grande orgulho pra minha mãe, afinal eu não era aquela bonequinha, aquele fantoche que ela queria como filha.
Castiel sabia que eu não estava bem, então ficava fazendo palhaçadas pra tentar me alegrar.
Quando chegamos a minha nova casa (ou melhor, minha casa temporária) deixei as malas no quarto e me atirei na cama do Cast, que se deitou ao meu lado e ficou me olhando em silêncio por pelo menos dez minutos.
Pandora - O que eu faço agora ?
Castiel - Bom, agora você me dá um beijo, o resto a gente vê depois.
Pandora - Eu não podia ter saído de casa, como eu vou viver agora ? Eu trabalho, mas não dá pra me manter, não paga nem minhas cervejas e meu cigarro.
Castiel - Hey amor, meus pais estão em uma viagem de seis meses, você pode ficar aqui comigo nesse tempo, o que te preocupa tanto ? Eu nunca deixaria você sem um lugar pra morar, sabe disso.
Pandora - Claro que sei amor, mas é que sempre tive orgulho da minha independência, mas agora me sinto tão fragilizada fora de casa.
Castiel - Te entendo, você saiu de casa brigada com sua mãe, é diferente do que sair pra construir sua vida em outro lugar... Só que para de querer resolver tudo agora, temos tempo, todo tempo do mundo.
Pandora - Não sei o que faria sem você ...
Castiel - Agora dá meu beijo vai !
Se imaginar em outro lugar, longe dos seus pais, e da proteção que eles te passam é sempre mais fácil do que ter que encarar isso de frente.
Era isso que eu estava passando.
Era umas sete horas da noite quando fomos até o mercado na esquina comprar cigarros, a rua estava deserta, e fazia um frio brutal, além de estar caindo uma chuva fina.
Quando chegamos ao mercado demos de cara com Lysandre passando um fardo de cerveja no caixa.
Lysandre - Castiel e Pandora !
Castiel - E ai cara ! O que tá fazendo aqui ?
Lysandre - Precisava tomar alguma coisa...
Castiel - Cerveja ? Com esse frio ?
Lysandre - Todo dia é dia... HAHAHA'
Pandora - Mas porque você veio tão longe pra comprar ?
Lysandre - Ah, esqueceu que sou menor de idade ?
Castiel - Esse é o único lugar que vende bebida e cigarro pra gente...
Lysandre - Isso porque o dono daqui é amigo nosso.
Pandora - Ah, sim...
Lysandre - Mas e ai, vocês vão na escola amanhã ?
Castiel - Nem pensar, não tô com cabeça pra isso.
Pandora - Somos dois.
Lysandre - Vishe, o que tá pegando ?
Castiel - Vamos lá em casa, ai eu te conto, é uma longa história.
Lysandre - Tá legal.
Castiel - Só vou comprar uns três maços de cigarro.
Quando voltamos para casa contamos tudo para Ly, que me entendeu mas me aconselhou a pelo menos fazer as pazes com a minha mãe, mesmo que preferisse não voltar mais para casa.
Lysandre tinha perdido a mãe a pouco tempo, e sequer tinha conhecido o pai, que morreu antes dele nascer. A única coisa que sabia eram as histórias que Light contava sobre as pescarias que faziam juntos, talvez por isso ele fosse tão emocionalmente ligado ao irmão, porque no fundo o irmão mais velho era como se fosse o pai que nunca conheceu.
Para distrair um pouco a cabeça abrimos as cervejas e jogamos poker.
Confesso que me excedi na bebida, e não me lembro apenas que quando a cerveja acabo abrimos um whisky o que com certeza me derrubou.
Acordei na cama, com Cast me olhando dormir, acho que ele já estava fazendo isso a uma meia hora pelo menos. Quando me viu abrir os olhos deu um leve sorriso, e com voz doce e calma disse.
Castiel - Bom dia minha garotinha bêbada.
Pandora - Hmm... Bom dia mor ...
Castiel - Vamos levantar, porque eu estou com fome !
Pandora - Hey, espera, quem ganhou no poker ?
Castiel - A gente parou de jogar depois que você caiu de cara nas fichas.AHAHAHAHAHAHAH
Pandora - Sério ? Desculpa.
Castiel - Relaxa, mas me lembra de não deixar você misturar cerveja com whisky. Agora levanta, temos que ir almoçar.
Castiel estava fazendo todo o possível para tornar minhas estadia em sua casa o mais confortável e agradável possível.
O dia passou bem, não fui trabalhar pois Light deixou um recado no meu celular dizendo que ficaria fora da cidade por uma semana, então resolvemos ir até um parque e ficar vendo o movimento.
A tarde estava um pouco mais quente do que o dia anterior, e o sol iluminava o alto dos prédios, parecia que o que tinha acontecido ontem estava muito distante... Longe demais daqueles momentos alegres que vieram para sobrepor a ressaca e toda a angustia que estava sentido.
Os pássaros cantando e o ar puro das arvores me renovaram, me fizeram perceber que não importava onde estivesse, eu sempre estaria onde e quando deveria estar.
Talvez ter saído de casa tivesse servido para me fazer crescer, também para fazer crescer o sentimento enorme que tinha pelo Castiel.
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